Eu já possuía alguns conhecimentos sobre a manufatura do papel pelas experiências no Laboratório de Materiais Expressivos do Instituto de Artes (Maquete), tendo participado de pesquisa e oficinas sob a orientação da papeleira e professora Therese Hoffmann.
O papel é essencialmente matéria orgânica (isso explica porquê as traças o adoram), proveniente da celulose que existe nos vegetais. Podemos obter papel das fibras das mais variadas plantas, mas algumas se mostram mais vantajosas que outras. O algodão, por exemplo, possui fibras longas, o que resulta num papel muito resistente. Os papeis feitos de fibra de algodão são usados em trabalhos de restauração e trabalhos de arte que exigem um suporte de alta qualidade.
A estrutura vegetal é constituída de celulose associada à lignina. A lignina é responsável pela rigidez, impermeabilidade e resistência dos tecidos vegetais. Para fazer papel é necessário “quebrar” a lignina para soltar as fibras da planta e separar a celulose. De maneira artesanal, esse processo pode ser feito deixando o caule de uma bananeira, por exemplo, de molho em água misturada com soda cáustica. Pode-se cozinhar essa mistura para acelerar a reação.
Assim é feita a polpa do papel. Misturado à água, ele passa por uma espécie de peneira para ficar no formato retangular. O papel industrial passa antes pelo branqueamento, que é um processo altamente tóxico. Depois de escoada a água, o papel é prensado com o peso necessário a cada gramatura que se pretende.
