segunda-feira, 28 de junho de 2010
Brasília esconde coleção de obras raras do autor alemão Goethe.
Leia a matéria completa em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/757411-brasilia-esconde-colecao-de-obras-raras-do-autor-alemao-goethe.shtml
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Ex libris do empresário José Mindlin, dono de uma das mais espetaculares coleções do País, com quase 30 mil volumes. É uma etiqueta simples com uma frase, em francês, retirada dos Ensaios de Montaigne: “Je ne fait rien sans gayeté” (“eu não faço nada sem alegria”).
Ex libris de Agripino Grieco, baseado na caricatura feita por Alvarus (Álvaro Cotrim). O ex libris foi feito após a morte de Grieco, devido à aquisição de seus livros pela Biblioteca Central dos Estudantes da Universidade de Brasília.
Nota-se que o selo foi colado sobre outro.
Nota-se que o selo foi colado sobre outro.
Ex libris de Carlos Lacerda. O desenho traz imagem que remete ao jornal fundado pelo político.
Ex libris de Homero Pires, ensaísta, crítico literário, bibliófilo e fundador do jornal O Imparcial. Água-forte de Cornélio Penna.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Do ex libris
“Ao mesmo tempo instrúe (sic) e é um entretenimento”, é como define nosso tema o ensaio de Manuel Esteves escrito em 1954[1]. Instrução e entretenimento são também as palavras de Plínio Martins Filho na obra organizada a partir da coleção de ex libris da livraria Sereia de José Luís Garaldi.
Ao pé da letra quer dizer "do livro", expressão latina. É uma marca bibliográfica gravada ou impressa em papel, usualmente decorada, de dimensões variáveis, que se cola no lado interior da capa do livro ou numa folha de guarda colocada especialmente para esse fim. Tal marca serve já desde remotos tempos para identificar a posse de um livro e da sua respectiva biblioteca, servindo muitas vezes como “escritura pública” [2].
Enquanto traço da identidade e da singularidade destes livros, o ex libris sempre carrega algo que remete à história do personagem que coleciona tais livros, demonstrando suas maneiras de entender o mundo, a leitura, a arte, sua própria vida ou profissão, exemplo de uma atenção especial à arte do livro, ao livro enquanto objeto de arte.
O desenho de cada ex libris condiz com a vida e a obra do colecionador. Seja uma caricatura, um instrumento de trabalho, um símbolo que lhe seja significativo, etc.
Cada indivíduo que possuir livros terá que fazer o seu ex libris – a sua marca de posse – a seu modo, isto é, consoante o seu viver. Eis porque o médico fará o seu diferente dos que poderiam fazer o advogado e o engenheiro que também não seriam iguais. Qualquer preferência poderá ser representada.[3]
Resgatar a arte do ex libris é fundamental num momento em que cada vez menos pessoas sabem o que são estas marcas e o seu potencial. Eis algo que as editoras e processos gráficos atuais/digitais fizeram sumir das últimas publicações. Daí o sucesso de nostalgias como a coleção lançada pela Ateliê Editorial intitulada Arte do livro, da qual fazem parte algumas referências bibliográficas deste projeto; ou as belas e caras publicações da Cosac Naify, para não falar das confrarias de bibliófilos, quiçá até mesmo círculos de amantes de livros que a essa altura ainda fazem livros com encadernações artesanais, utilizando seus próprios papéis e modos de produção singulares.
Sua feitura passa a ser vista como um ramo da arte, espaço privilegiado da gravura em suas diversas técnicas. (...) O seu valor passa a ser avaliado de acordo com o renome e talento de quem o desenhou, gravou, imprimiu, com a composição e a harmonia cromática, com a qualidade do papel. [4]
Em relação às artes gráficas e o desenho industrial podemos pensar na elaboração de um ex libris como criação de uma identidade visual para a coleção e para o colecionador. Uma espécie de logomarca pessoal que identifica o acervo e indica as preferências de quem coleciona. Existem vários estilos de ex libris, de acordo com a sua temática e técnica.
O ex libris pode ser organizado com figuras, brasões, alegorias, paisagens, etc, e portanto, divididos em armoriados ou heráldicos, paisagísticos, alegóricos, musicais, religiosos, comuns, mistos e outros, sendo a sua impressão em xilogravura, água forte, offset, gravura em aço e talho doce, litografia ou zincografia etc.[5]
Há os ex libris que são simples etiquetas, não trazem imagens além do nome do proprietário, muitas vezes acompanhado de ornamentos. Os armoriados ou heráldico são aqueles cujo motivo principal do desenho consiste num brasão ou insígnia da pessoa, cidade ou associação a qual pertence a biblioteca. Os alegóricos ou simbólicos trazem imagens que traduzem ideias, lemas de vida, ocupações que não tenham caráter heráldico. Os paisagísticos reproduzem cenas rurais, urbanas, marinhas ligadas afetivamente ao possuidor dos livros. Há, ainda, os ex libris mistos, que podem ser enquadrados em mais de uma categoria.
Quanto à técnica, é certo que o avanço das tecnologias de impressão e edição de imagens presentes hoje em dia possibilita a criação gráfica em diversas outras técnicas como a serigrafia, Xerox, fotografia e a própria impressão digital, entre outras.
Para o design gráfico, o ex libris pode ser pensado como proposta de representação visual de uma ideia ou mensagem que inclui todos os aspectos de imagem final do produto como ilustrações, tipografia, arranjo dos elementos, cores, etc. Enquanto síntese visual da personalidade, gostos, e estilo de um colecionador, o ex libris apresenta campo vasto para o estudo, pesquisa e aplicação dos símbolos. Pois, para um exlibrista desenvolver tal selo para uma determinada coleção, é necessária ampla pesquisa que envolve elementos que representem a coleção para a criação de uma identidade visual, tal como a criação de uma logomarca.
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[1] ESTEVES, Manuel. O ex libris. Editora Gráfica Laemmert Ltda, Rio de Janeiro, 1954, p. 11.[2] Idem, p. 19.[3] Ibidem, p. 104.[4] MARTINS FILHO, Plinio. Ex-libris: Coleção Livraria Sereia de José Luís Garaldi, Ateliê Editorial, São Paulo, 2008, p. 14.[5] Texto disponível em http://www.brasilcult.pro.br/ex_libris/texto.htm, página da internet acessada em 15 de dezembro de 2009.
por Sara Seilert, verão de 2009.
Obs.: Texto escrito para a disciplina "introdução ao design" do departamento de Desenho Industrial da Universidade de Brasília. O tema também foi trabalhado na disciplina "projeto interdisciplinar" do departamento de Artes Visuais da mesma Universidade.
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